Entrevista – Apesar das temperaturas mais amenas do inverno, o mosquito Aedes aegypti segue ativo em Palotina. Em entrevista ao radialista Robson Muniz, no programa A Hora do Café, da Rádio Clube FM, nesta sexta-feira (4), o coordenador de endemias Júnior Mattos detalhou o cenário preocupante revelado pelo último Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa), realizado nos dias 1º e 2 de julho.
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Levantamento aponta risco elevado
O índice geral de infestação no município foi de 2,90%, quase o triplo do limite aceitável estabelecido pelo Ministério da Saúde, que é de 1%. De acordo com Júnior, o número indica que há um alto volume de criadouros dentro das residências, o que eleva significativamente o risco de surto de dengue e outras arboviroses.
“O dado por si só já é preocupante, mas o mais grave é que muitos criadouros estão sendo encontrados dentro das casas. As pessoas ainda associam o mosquito ao verão e acabam descuidando no inverno, principalmente em áreas internas que acumulam água e calor”, afirmou o coordenador.
Bairros com maiores índices
Entre os bairros com os maiores índices, destaca-se o Jardim Itália, com alarmantes 11,11%, seguido por Osvaldo Cruz (9,37%) e Jardim Califórnia (7,14%). Todos muito acima do limite de segurança. Veja os 12 bairros com os índices mais altos:
Posição | Bairro | Índice (%) |
---|---|---|
1º | Jardim Itália | 11,11% |
2º | Osvaldo Cruz | 9,37% |
3º | Jardim Califórnia | 7,14% |
4º | Santa Terezinha | 5,76% |
5º | Centro 02 | 5,55% |
6º | Jardim Social | 5,26% |
7º | Bela Vista | 5,00% |
8º | Cohapar | 4,38% |
9º | Pôr do Sol | 3,89% |
10º | Morada do Sol | 3,57% |
11º | Imigrantes | 3,00% |
12º | Jardim Progresso | 2,50% |
Casos em alta
Até o momento, Palotina já registrou 44 casos confirmados de dengue e 4 casos de chikungunya (todos importados). Segundo o coordenador, há uma ligação direta entre os dados do LIRAa e o avanço dos casos.
“Depois do levantamento, já sentimos um aumento nas notificações. Se a população não agir agora, o segundo semestre pode ser ainda mais complicado, mesmo em período fora do verão.”
Trabalho das equipes continua no inverno
Mesmo durante o inverno, a equipe de endemias segue em campo com visitas, orientações e vistorias técnicas. Júnior destacou, durante a entrevista, que muitas das ações não são visíveis à população, como a instalação de armadilhas de monitoramento e mapeamento de pontos estratégicos.
O coordenador também alertou para a resistência de alguns moradores em receber os agentes ou realizar as mudanças orientadas.
“Em muitos locais, a própria comunidade impede o avanço do nosso trabalho. Mas a prevenção começa com o morador. Não adianta esperar só pelo poder público”, ressaltou.
Cuidados recomendados
Entre os cuidados que devem ser mantidos durante o inverno estão:
- Eliminar qualquer recipiente com água parada (vasos, pneus, garrafas, calhas, lajes);
- Manter caixas d’água bem fechadas;
- Observar ralos e bandejas de ar-condicionado;
- Permitir o acesso dos agentes de endemias;
- Denunciar focos do mosquito ou terrenos baldios para a Vigilância Sanitária.
Ações previstas
Para os próximos meses, a coordenação planeja mutirões em áreas críticas, parcerias com escolas e reforço na educação preventiva. A prioridade será combater o mosquito antes que ele se prolifere, principalmente nas regiões com maior incidência apontadas pelo LIRAa.
A Secretaria de Saúde reforça que a luta contra a dengue é coletiva e que cada morador tem papel essencial. A equipe de endemias pode ser acionada para denúncias e orientações por meio da Vigilância Sanitária local.
Veja a entrevista completa