A HORA DO CAFÉ – O médico Dr. Gustavo Ensina, pós-graduado em psiquiatria, destacou em entrevista nesta terça-feira (23), os impactos do bullying na saúde mental de crianças e adolescentes e reforçou a importância da campanha Setembro Amarelo, dedicada à prevenção ao suicídio.
Segundo o especialista, é fundamental diferenciar uma simples brincadeira de situações que configuram violência psicológica.
Foto: — Maria Heloísa/Palotina 24 Horas
A brincadeira geralmente se resume a momentos pontuais. O problema é quando, de forma repetitiva, alguém passa a ser alvo de humilhação por uma característica específica, seja pelo peso, altura ou qualquer outro fator. Quando isso gera sofrimento, estamos diante de bullying”, explicou em conversa com o radialista Robson Muniz.
Impactos podem ser graves
De acordo com Ensina, o bullying é uma das principais causas de sofrimento emocional entre adolescentes e pode desencadear desde quadros de ansiedade e depressão até transtornos alimentares. Nos casos mais sérios, pode levar a um sofrimento intenso e perigoso para a vida do jovem.
Não tem nada mais importante do que a vida. O bullying repetitivo, que gera sofrimento constante, precisa ser tratado com atenção para evitar que chegue a extremos”, afirmou.
Reação pode virar violência
O psiquiatra também alertou para outro risco: a possibilidade de que vítimas de bullying reajam com agressividade.
A resposta natural do ser humano diante de ameaças é lutar ou fugir. Como muitas vezes não há como fugir, especialmente no ambiente escolar, a situação pode evoluir para violência física”, disse.
Como identificar sinais
Ensina reforçou que pais e educadores precisam estar atentos a mudanças de comportamento que podem indicar sofrimento: isolamento, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, alterações no sono e na alimentação.
O principal caminho é o diálogo. Perguntar, conversar e tentar entender. Nenhum profissional tem ‘bola de cristal’. O que ajuda é abrir espaço para que o adolescente fale”, orientou.
Cyberbullying e redes sociais
O psiquiatra também destacou o papel das redes sociais na intensificação dos casos de bullying.
Hoje falamos em cyberbullying, que é a exposição e humilhação online. A comparação excessiva nas redes, com padrões de vida e de corpo muitas vezes inalcançáveis, também gera frustração e sofrimento nos jovens”, pontuou.
Ele recomendou que pais monitorem o tempo de tela dos filhos e incentivem atividades fora do ambiente digital.
Descansar não é passar horas no celular. É preciso aprender a fazer nada, relaxar de verdade”, acrescentou.
Setembro Amarelo
Ao falar sobre o Setembro Amarelo, Ensina reforçou que a campanha deve servir como ponto de partida para debates que precisam acontecer o ano todo.
“O que se percebe é que em diversos países os índices de suicídio estão em queda, mas no Brasil a tendência ainda é de aumento. Isso mostra que precisamos falar mais sobre saúde emocional e criar espaços de acolhimento”, afirmou.
Para o médico, a principal mensagem é não menosprezar o sofrimento emocional.
A dor emocional causa tanto impacto quanto a dor física. Se procuramos um médico diante de uma dor no peito, também devemos buscar ajuda quando sofremos emocionalmente”, disse.
Onde buscar ajuda
Ensina lembrou que escolas contam com psicólogos e que, em casos mais graves, pode ser necessário acompanhamento especializado com psicoterapeutas e psiquiatras. Ele também citou o CVV – Centro de Valorização da Vida, que oferece atendimento gratuito e sigiloso pelo telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br.
Se você ou alguém que você conhece está passando por um momento difícil, não hesite em buscar apoio. Falar é sempre o primeiro passo para cuidar da saúde emocional.
Dr. Gustavo
O Dr. Gustavo atende em Palotina na Psicoclínica, em frente ao Hospital Unimed, em Guaíra na Clínica Unique e também via telemedicina para todo o Brasil.
Para contatos e mais informações, acessar a página Dr. Gustavo Ensina no Instagram.
Redação Palotina 24 Horas
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