Produtores de leite de Palotina e região realizam mobilização pacífica; presidente do Sindicato Rural alerta para crise do setor
Edmilson Zabott afirma que produtores enfrentam preços baixos, concorrência de leite importado e endividamento, e reivindicam políticas públicas e incentivos fiscais para manter a atividade.
Na última sexta-feira (31), produtores de leite da região de Pérola, Cafezal do Sul e municípios vizinhos realizaram uma manifestação pacífica às margens da PR-323, próximo ao trevo de acesso a Cafezal do Sul. A mobilização, organizada pela Associação dos Produtores de Leite de Pérola (Peroleite), teve como pauta principal a igualdade tributária e o combate à concorrência de leite importado, e contou com a participação de pequenos e médios produtores da região.
O presidente do Sindicato Rural de Palotina, Edmilson Zabott, demonstrou preocupação com a situação dos produtores de leite da região Oeste do Paraná. Segundo ele, o setor atravessa uma crise prolongada, marcada pela queda no preço pago ao produtor, aumento de custos e competição desigual com produtos importados.
Em entrevista à Clube FM de Palotina, Zabott destacou que muitos produtores têm reduzido a produção ou até deixado de ordenhar.
Foto: Sarah Pessoa/Palotina 24 Horas
“O produtor de leite está desmotivado. Levanta cedo todos os dias, enfrenta frio, chuva e sol, e mesmo assim não vê resultado. É triste ver tanta gente boa saindo da atividade porque não consegue mais cobrir os custos”, lamentou.
Leite importado e concorrência desigual
O presidente voltou a criticar a entrada de leite em pó do Mercosul, especialmente de Argentina e Uruguai, e alertou para a falta de rastreabilidade desses produtos.
“Muitas vezes, o leite importado entra sem controle de origem e é reprocessado aqui, misturado ao nosso leite. Isso desvaloriza nosso produto e ainda confunde o consumidor”, explicou Zabott.
Ele reforçou que o produtor brasileiro enfrenta custos elevados com energia, tributos, funcionários e ração, enquanto o produto importado chega mais barato.
Principais reivindicações da mobilização
Durante a manifestação, os produtores destacaram três medidas prioritárias:
Restrição à importação de leite em pó do Mercosul;
Incentivos fiscais nos insumos da produção;
Alongamento das dívidas dos produtores, permitindo fôlego financeiro para manter a atividade.
Parceria com cooperativas e apoio local
Zabott ressaltou que as cooperativas têm oferecido suporte técnico e estrutura de coleta, mas que as políticas federais precisam garantir equilíbrio para o setor:
Foto: Sarah Pessoa/Palotina 24 Horas
“Sem um preço justo e sem barreiras contra o leite importado, ninguém se sustenta. O produtor paranaense é guerreiro e sabe produzir. O que falta é condição de continuar no campo.”
Ele também pediu valorização do produtor de leite dentro da própria cadeia do agronegócio, lembrando que a proteína animal é responsável por grande parte da renda regional e gera milhares de empregos.
Mensagem aos produtores
Ao final, Zabott deixou uma mensagem aos produtores da região:
“Entendam a importância do que vocês produzem, respeitem essa atividade e apoiem uns aos outros. Quem puder, participe das mobilizações de forma verdadeira, não apenas para mídia, mas de coração. Essa união é fundamental para que continuemos produzindo e fortalecendo a nossa cadeia.”
Redação Palotina 24 Horas
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