Vice-presidente da Peixe Paraná defende criação de tilápia em meio a debate nacional sobre possível classificação da espécie como invasora
Edmilson Zabott, vice-presidente da Peixe Paraná e presidente do Sindicato Rural de Palotina, afirma que produtores do Oeste do Paraná podem seguir com segurança a criação do peixe, mesmo com a discussão sobre inclusão da espécie na lista de invasoras.
O presidente do Sindicato Rural de Palotina, Edmilson Zabott, manifestou preocupação com a possibilidade de a tilápia ser incluída na lista nacional de espécies exóticas invasoras, em análise pelo Ministério do Meio Ambiente. O tema tem gerado apreensão entre produtores da região Oeste, onde está concentrada boa parte da produção paranaense e nacional.
Durante entrevista à Clube FM, Zabott afirmou que o setor vê a proposta com preocupação e teme prejuízos econômicos caso novas regras limitem a criação da espécie.
“O Paraná é hoje referência mundial na produção de tilápias, com um sistema tecnificado, respeitando protocolos ambientais e sanitários. Essa atividade gera renda e mantém muitas famílias no campo”, destacou.
“Visão distorcida” e risco à economia rural
O dirigente, que também é vice-presidente da Peixe Paraná, criticou o que chamou de “visão distorcida” de setores do governo federal. “Essa discussão surgiu em função da COP 30 e de grupos que precisam de pautas polêmicas. Estão envolvendo até espécies como eucalipto, manga, goiaba e capim braquiária. É um absurdo”, afirmou.
Segundo ele, a cadeia produtiva da tilápia é hoje uma das principais fontes de receita do agronegócio no Oeste do Estado, com forte impacto na geração de empregos diretos e indiretos.
Foto: Sarah Pessoa/Palotina 24 Horas
“Nosso processo de produção é um dos melhores do mundo. Palotina é referência e continuará sendo. Em janeiro, vamos receber uma comitiva da Alemanha que vem conhecer nossa piscicultura. O que fazemos aqui, o mundo inteiro admira.”
— disse em entrevista ao radialista Robson Muniz.
Controle e segurança ambiental
Zabott também rebateu argumentos ambientais, afirmando que a criação é altamente controlada.
“A tilápia não é solta nos rios. Os alevinos passam por processos que impedem a reprodução. Temos licenciamento, outorga e fiscalização constante do IAT e do Ibama. Ninguém conhece melhor o manejo do que o produtor que está lá, no dia a dia”, reforçou.
O presidente ainda criticou o fato de o Brasil ter autorizado a importação de tilápia do Vietnã. “Lá ninguém sabe como é o controle sanitário. É um risco para o consumidor e uma concorrência desleal com o produto nacional. O consumidor deve dar preferência à tilápia brasileira, que tem qualidade e segurança”, completou.
Prejuízos sociais e mobilização política
Sobre os possíveis efeitos econômicos, Zabott afirmou que, caso a espécie seja incluída na lista, pequenos e médios produtores podem abandonar a atividade. “Isso seria uma tragédia social. Muitos estão endividados, com margens pequenas. Uma nova regulamentação pode inviabilizar a piscicultura e gerar desemprego. O impacto psicológico também preocupa”, ressaltou.
O dirigente defendeu mobilização política para barrar a medida.
Foto: Sarah Pessoa/Palotina 24 Horas
“Precisamos acionar vereadores, deputados e senadores. O sindicato envia ofícios e e-mails diariamente, buscando apoio. A cadeia da tilápia envolve muitos setores — desde quem produz até quem fornece insumos —, e todos precisam se unir”, destacou.
Ao final, Zabott reforçou que os criadores locais podem ficar tranquilos, especialmente os que trabalham com tanques escavados e represas particulares.
“Nos nossos sistemas há total controle. O risco de procriação descontrolada é mínimo. O que pedimos é que os produtores mantenham suas licenças e sigam os protocolos”, orientou.
Redação Palotina 24 Horas
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